

Rússia propõe a Kiev novas negociações diretas em Istambul
A Rússia propôs uma segunda rodada de negociações diretas com a Ucrânia em Istambul na próxima segunda-feira (2) para apresentar um memorando com as condições de Moscou para um acordo de paz duradouro.
"A nossa delegação, liderada por [Vladimir] Medinsky, está pronta para apresentar este memorando à delegação ucraniana e fornecer as explicações necessárias em uma segunda rodada de negociações diretas em Istambul na próxima segunda-feira, 2 de junho", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, em um comunicado.
Por enquanto, Kiev não reagiu a esta iniciativa.
Vladimir Medinsky liderou a delegação russa nas negociações de 16 de maio em Istambul. Estas foram as primeiras negociações de paz diretas entre os dois países desde a primavera de 2022, no início do ataque russo em larga escala contra a Ucrânia.
As negociações de 16 de maio não levaram a nenhum progresso significativo para uma solução diplomática do conflito, mas ambos os lados se comprometeram com uma troca de prisioneiros sem precedentes, com um formato de 1.000 por 1.000 pessoas, que terminou no último fim de semana.
Depois de agradecer a seus "parceiros turcos", Serguei Lavrov disse, nesta quarta-feira, que espera que "aqueles que estão sinceramente interessados" no "sucesso do processo de paz" apoiem a realização desta segunda rodada de negociações.
Na sexta-feira, Lavrov afirmou que Moscou estava elaborando um memorando e planejava entregá-lo ao governo ucraniano em breve.
Por enquanto, as posições oficiais de ambos os lados parecem difíceis de conciliar: a Rússia exige que Kiev renuncie permanentemente à adesão à Otan e ceda as cinco regiões cuja anexação Moscou reivindica, condições inaceitáveis para a Ucrânia.
- Mísseis de longo alcance -
Horas antes, o Kremlin havia rejeitado uma proposta do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, para uma reunião trilateral com o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo americano, Donald Trump, para avançar nas negociações.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que uma reunião como essa deveria ser o resultado de "acordos concretos" entre Rússia e Ucrânia.
Putin já havia rejeitado os pedidos para se encontrar com Zelensky na Turquia no início deste mês, antes do encontro entre as delegações de alto nível da Rússia e da Ucrânia.
Durante uma visita a Berlim para se encontrar com o novo primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, Zelensky acusou a Rússia de prolongar qualquer processo de paz, afirmando que Moscou não quer encerrar o conflito.
"Eles constantemente buscarão razões para não encerrar" o conflito, afirmou o presidente ucraniano. Por sua vez, Merz prometeu que seu país ajudaria a Ucrânia a produzir mísseis sem restrições de alcance.
Zelensky também pediu à Otan que o convidasse para participar de sua próxima cúpula nos Países Baixos, no final de junho.
"Se a Ucrânia não estiver presente, será uma vitória para Putin", disse o presidente ucraniano, que em seus comentários na terça-feira reiterou seu apelo para que os Estados Unidos imponham mais sanções à Rússia, citando os setores energético e bancário.
No entanto, Donald Trump afirmou, nesta quarta-feira, que por enquanto não deseja impor sanções à Rússia. "Apenas porque acredito que estou disposto a obter um acordo e não quero frustrá-lo fazendo isso", disse à imprensa no Salão Oval.
- Ataque com drones na Rússia -
Durante sua campanha, o presidente americano prometeu que encerraria o conflito em 24 horas, mas seus esforços de mediação não produziram resultados, e Trump expressou exasperação com ambos os lados pela falta de um acordo.
Nesta quarta-feira, ele se declarou "muito decepcionado" com os bombardeios russos na Ucrânia no fim de semana, que mataram pelo menos 13 pessoas. "Pessoas morreram no meio do que chamaríamos de negociação", disse o presidente republicano.
No domingo, ele chegou a dizer que Vladimir Putin havia ficado "completamente louco" ao decidir realizar os bombardeios.
Na linha de frente, ambos os lados lançaram ataques intensivos nos últimos dias. O Ministério da Defesa russo acusou a Ucrânia de disparar quase 300 drones durante a noite, mas especificou que conseguiu interceptar a maioria.
Zelensky alertou que a Rússia estava concentrando "mais de 50.000 soldados" perto da região de Sumy, na Ucrânia, no nordeste do país, com vistas a uma possível ofensiva contra esse território fronteiriço. A Rússia busca criar "uma zona-tampão" nessa área, acrescentou.
F.Persson--StDgbl