

Museu do Louvre permanece fechado após roubo espetacular na França
O museu do Louvre, em Paris, permaneceu fechado nesta segunda-feira (20), um dia após o espetacular roubo das joias "da Coroa", que reacendeu as críticas sobre a falta de segurança nos museus da França.
Sessenta investigadores estão à procura dos autores deste assalto relâmpago, que durou oito minutos e ganhou repercussão mundial. As primeiras investigações apontam para o crime organizado.
"O que é certo é que falhamos", reconheceu na rádio France Inter o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, para quem este fato projeta "uma imagem muito negativa" do país.
O Louvre, um dos principais museus do mundo, recebe anualmente nove milhões de visitantes e nesta segunda-feira permaneceu fechado pelo segundo dia consecutivo, informou um de seus responsáveis. A terça-feira é o seu dia de fechamento semanal.
A decepção e a tristeza tomaram conta dos turistas que, pela manhã, esperavam sua vez para entrar e contemplar obras-primas da arte como a Mona Lisa ou a Vênus de Milo.
"Hoje é meu aniversário, era meu presente e fazia vários anos que queria vir", explicou à AFP "um pouco irritada" Elisa Valentino, uma italiana de 31 anos apaixonada por arte.
Diante do fechamento, os turistas aproveitaram a esplanada deserta para tirar selfies e fotos com a icônica pirâmide de vidro, uma das entradas do museu.
Alguns, como Carol Fuchs, refletiam sobre o desaparecimento das joias. "Será que algum dia as encontrarão? Duvido. Acho que já estão muito longe", comentou esta turista dos Estados Unidos.
- Joias "da Coroa" -
O roubo ocorreu no domingo, quando o museu já estava aberto.
Por volta das 09h30 (04h30 no horário de Brasília), os ladrões estacionaram um guidaste sob uma das varandas do Louvre. Dois deles subiram nele e, com uma motosserra, entraram na Galeria de Apolo através de uma janela.
Essa galeria foi encomendada por Luís XIV para comemorar sua glória como 'Rei Sol'. A sala abriga a coleção de joias "da Coroa", que tem quase 800 peças.
Com os rostos cobertos, eles roubaram nove peças do século XIX, incluindo a coroa da imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III.
Nas imagens do roubo, um dos criminosos usa um colete amarelo e, segundo a promotora parisiense Laure Beccuau, os investigadores têm um destes coletes em sua posse.
O ministro do Interior, Laurent Nuñez, afirmou que o assalto foi obra de ladrões "experientes" e possivelmente "estrangeiros".
- Risco de desmonte -
Durante a fuga, abandonaram a coroa da imperatriz de origem espanhola, que ficou "danificada", segundo Beccuau.
As oito joias roubadas têm "um valor patrimonial inestimável", segundo as autoridades.
Para Alexandre Giquello, presidente da principal casa de leilões Drouot, o saque será impossível de vender em seu estado atual.
Os especialistas alertam para o risco de desmonte dessas obras, cujas pedras e pérolas poderiam ser retiradas e reutilizadas para fabricar outras joias.
"Se essas joias não forem recuperadas muito em breve, desaparecerão", alerta o historiador Vincent Meylan.
O presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu no domingo que as obras serão recuperadas e os autores serão levados à Justiça.
O roubo reacendeu as críticas sobre uma segurança deficiente nos museus da França, muito menos seguros que os bancos.
- Louvre desatualizado –
Esta instituição destaca que, nos últimos anos, foram instalados equipamentos de segurança nas salas que recebem empréstimos de outros museus para exposições temporárias, em detrimento da coleção permanente.
Mas, quando existem equipamentos de videovigilância, "estão em parte obsoletos", lamenta Christian Galani, trabalhador do museu. Este representante do sindicato CGT também aponta a falta de agentes de segurança: "É possível percorrer vários espaços sem encontrar nenhum".
Os deputados poderiam acompanhar de perto os passos dos investigadores se prosperar a proposta do legislador Alexandre Portier de criar uma comissão de investigação sobre "a segurança dos museus".
Nos últimos meses, também foram roubadas peças em outros museus da França. As autoridades decidiram reforçar a segurança nesta segunda-feira.
"Até onde chegará a desintegração do Estado?", denunciou nas redes sociais Jordan Bardella, líder do partido opositor de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), para quem se trata de "uma humilhação insuportável" para a França.
Não é a primeira vez que ladrões assaltam o Louvre. Em 1911, roubaram a Mona Lisa, mas a obra foi recuperada meses depois e agora é exibida atrás de um vidro de segurança.
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A.Fredriksson--StDgbl